Férias

By Letícia
Logo que eu soube que eu estava sem recuperações nenhumas na escola, resolvi que não iria mais, acho que eu não iria comemorar férias ainda porque o PCN (TE AMOOO!) não havia entrado de férias, ainda tinha mais aquela semana e a semana seguinte...
Terça, quarta, quinta, sexta, tudo aconteceu normal, o Michael Jackson morreu, pessoas choraram, fizeram vídeos com moonwalk, colocaram flores na calçada da fama, normal... sábado, domingo tudo ok... até a madrugada de segunda...
Eu comecei a sentir dores fortes do lado direito da barriga, pra cima do umbigo... eu já havia sentido essa dor uma vez, mas era fraca e passou rápido, pensei que essa fosse passar rápido tambem, para eu voltar a dormir... mas não passava, então tomei remédios pra cólica e pra dor e, mesmo assim, não passou... eram cinco horas da manhã e resolvi acordar minha mãe pra avisar que eu tava com dor... eu tava chorando de dor...
Pra resumir: no fim da tarde, fomos no hospital Carlos Chagas (que eu não recomendo!), tirei sangue, eu detestava tirar sangue, fiz raio-x, blábláblá, não deu em nada e o medico disse ‘toma buscopan, se não passar, volta aqui’... Der, claro que não passou! E eu voltei la na terça-feira para ver tudo de novo... sei que eu cheguei la as 12h e sai as 21h... sem resposta alguma sobre o que eu tinha ou não, só tive que tirar mais sangue, fazer tomografia, beber um lance esquisito, tomar outro lance estranho na veia... chato!
Na quarta-feira, fomos ao Hospital Nipo-Brasileiro bem cedo, lá pra umas 7h da manhã... saímos de la as 11h da manhã com tudo agendado, o dia em que eu iria tirar uns cálculos (pedras) que eu tinha no canal que ligava a vesícula ao intestino... eu iria fazer uma endoscopia onde um cano ia entrar nesse canal e puxar as pedrinhas para fora (as fotos são hilárias, cara!) seria no dia 3 de julho, na sexta-feira, riscos: pancreatite, entre outros...
Deu a pancreatite... eu fiz a endoscopia, deu tudo certo lá, eu nem vi nada, acordei já tinha acabado, me deram um suco que eu não agüentei tomar depois, aí veio uma papinha que eu comi e vomitei e então me colocaram em jejum absoluto, nos exames de sangue, o que era pra estar em 160 estava em 12, 13 mil... eu tinha que esperar passar, diminuir, sem comer, trancada num quarto infeliz, tirando sangue todos os dias, olhando pra uma micro TV e pras moças que vinham pro leito ao lado do meu e iam embora e eu ficava ali, inútil, com um soro imbecil na veia, com a boca seca, sem água, sem comida... sem falar de uns roxos que eu fiquei no braço por causa de veias estouradas...bnão é fácil!
Eu saí do hospital na terça-feira, dia 14, 11 dias internada, um dia antes da estréia do Harry Potter (que eu fui ver e curti!), mas a “vida normal” não voltou! Preciso não comer gordura... nada! Porque senão a vesícula tem que trabalhar e ela manda mais pedras pra fora, tendo que tirar por outra endoscopia, mais um risco de pancreatite... Daqui um mês, mais ou menos, vou tirar a vesícula, volto pra internação, mas dessa vez com micro-buraquinhos, estou com muito, muito medo mesmo... mas supero! Sei que ta difícil, não posso comer nada direito, tenho que ver se as coisas tem conservante, se são derivados de leite, se não tem gordura animal, nem proteína... pra resumir: não tem muita coisa que eu possa comer agora, mas eu to vendo o que da comer tudo gostoso de uma vez, eu sei a dor que eu senti, eu recomendo as pessoas a comerem coisas saudáveis, porque eu tenho só 15 anos e é raro dar isso em pessoas da minha idade... e eu nem era tão compulsiva demais assim... sei que nessa de ficar sem comer uns 6 dias, emagreci 4 kg, meus ossos do ombro tão aparecendo mais e acho que na dieta que eu to só vou perder mais peso e isso é demais!
Por hoje é só, obrigada pelos comentários no texto anterior, por me desejarem melhoras, obrigada mesmo!


~.~
É, povo, voltei! :D
Saudades de tudo, mas agora to beem melhor!
Beijos
 

Tempos Difíceis

By PCN
Se vocês acompanham meu twitter ou o da minha namorada sabem o que anda acontecendo, mas aqui vai um breve resumo:

Segunda feira da semana passada minha namorada sentiu dores na barriga, na quarta ela descobriu que eram pedras que estavam no canal da vesícula descendo para o fígado (ou algo assim, desculpem minha inaptidão médica). Na sexta ela fez uma endoscopia e retirou as pedras, porém ocorreu uma complicação e ela acabou ficando com pancreatite. Ou seja, até seu pâncreas desinflamar, ela não podia comer nem beber nada.

Essas semanas pra ela foram bem complicadas, com idas e vindas ao hospital, passando por um péssimo atendimento (conhecem o Carlos Chagas em Guarulhos? Então evitem), e muita preocupação. Além de ela ficar muito preocupada com sua saúde, da sexta até agora ela andava irritada pelo fato de não poder comer e nem beber. Cá entre nós, é difícil viver apenas de soro, é difícil ver os outros comendo e não poder comer, é muito difícil ver comercial de comida na TV e não poder fazer nada... Sem contar o tédio, ficar “trancado” em um hospital não é fácil.

Para mim também não foi nada fácil, apesar de ter sido melhor para mim do que pra ela. Eu sofri a distância, morri de saudades, me preocupei muito. Fui encarregado de cuidar dos cachorros e gatos dela, e Deus sabe o quanto é duro entrar naquela casa e não ver minha namorada por lá. Sinto falta de estar com ela, ouvir seu choro e suas queixas por telefone me incomoda. É complicado ir vê-la no hospital, completamente fora de mão para mim, mas sempre que tenho chances vou Porém, ver quem você ama sofrer, tomando soro e diversos outros medicamentos não é a coisa mais feliz do mundo.

Porém tudo que nos acontece trás algo de bom: Percebo que minha família e a dela estão cada vez mais ligadas, meus pais estão tão preocupados com ela quanto qualquer outro parente que ela tem (menos a mãe dela claro). Alguns parentes meus que nem a conhecem se preocupam, ligam para mim pra saber qual o estado dela. O problema é com ela, mas a minha família se mobilizou muito e isso é impressionante!

Agora ela já pode comer, e para ser liberada é só uma questão de tempo. Como vocês perceberam, eu a Karen tivemos experiencias parecidas em hospitais (leiam no texto anterior ao meu), mas o que é interessante de verdade é notar que aprendemos coisas diferentes. Penso que apesar desses dias difíceis, quando minha namorada sair de lá estaremos muito mais unidos.
 

Só um continho...

By Kah

Lembro-me de quando era pequena, ia visitar minha tia em outra cidade, era um dos passeios de que eu mais gostava. Sempre passávamos no teatro e eu ficava com medo de personagens, mas mesmo assim adorava aquele lugar. Sempre fazia sol, eu e meus primos sentávamos na beira da calçada pra brincar e fazíamos bolinho de barro que pegávamos das plantas da minha tia.

Acordei, com minha mãe no telefone. Falando de operação as pressas coisas do tipo. Então ela entrou no meu quarto e perguntou se eu ou minha irmã poderíamos ir no hospital entregar uns exames de que minha tia precisava e esquecera na casa dela.

Essa minha tia do interior já havia se mudado pra minha cidade, mas do mesmo jeito que passei quatro anos sem falar com ela, quando ela morava longe, agora não falava com ela por ela ter me ofendido. Não só a mim, mas a minha família. Não nos falávamos. O marido dela era um homem muito rígido e bravo, não deixava meus primos viverem suas vidas como preferissem e porque meus pais me davam total liberdade, compreensão, respeito e amizade, fomos ofendidos por isso.

É engraçado como nos provamos em certos momentos como podemos ser forte e agüentar a barra ou como pensamos que suportaríamos situações e na hora cairmos em prantos de tanto chorar.

Levantei da cama e disse pra minha mãe que iria no hospital ajudar essa tia. Minha mãe mandou que eu fosse me arrumando enquanto ela ia na casa de sua irmã pegar os tais exames. Minha mãe já havia ligado na casa dela antes e feito as pazes, disse o quanto gostava da minha tia e que ela estava perdoada, que não queria brigar com ela nesse momento tão difícil da vida dela. Minha tia ficou muito feliz. Mas mesmo muito feliz, ela estava no hospital, sentindo dores enormes na barriga, dores que a deixavam acabada.

Eu me arrumei, minha mãe chegou e eu fui correndo pro ponto de ônibus. Nem me olhei no espelho. Quando falei com o cobrador não percebi que estava falando tão baixo. Fui o caminho todo pensando o que diria pra minha tia, tanto tempo sem vê-la e se ela ainda nos achasse politicamente errados. E se me achasse? E se me rejeitasse ou algo do tipo? Mas mesmo assim fui. Fui torcendo pra que ela n estivesse mais com tanta dor e que desse tempo da médica ver os exames dela antes que o estado se agravasse, Também não percebi que suava e apertava os exames com a mão.

Quando cheguei no hospital, minha prima estava na porta me esperando, eu a abracei sem hesitar e sem medo de fazer as pazes naquele momento. Com muito cuidado ela me perguntou se queria ver a Tia. Eu disse que estava com medo de vê-la nesse momento, medo de me impressionar, na verdade isso era pura mentira, eu não me impressiono com infermos, eu quero ser médica! Ela disse que ela só estava tomando soro, não estava mais com dor, e eu então aceitei e fui.

Minha tia estava de olhos fechados, quando encostamos no pé da sua cama ela abriu os olhos todo vermelhos, como se de tanta dor, já tivesse chorado, mesmo com os olhos vermelhos ela sorriu pra mim e perguntou se eu estava bem, disse que sim. Ela perguntou porque eu estava tão pálida, se era de medo por ela, também disse que sim, dei a ela um abraço e senti que começaria a chorar se não saísse dali, então ela mandou eu sair e disse que hospital era um lugar ruim, que era melhor eu voltar pra casa. Dei um beijo nela e saí da sala, me despedi da minha prima e fui embora.

Foi estranho como tanta mágoa e incertezas de anos se diluíram em nem dez minutos...alguns só, nem dez. Mas eu sei, que se ela for, nós sabemos que tudo foi perdoado aceito e transformado. Eu sei que talvez ela não se sinta bem de imediato, mas eu sei que isso vai passar, assim como nossas dores do coração.